sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Diário de um Fotógrafo

Para provar que a vida de fato é um círculo, cá estou eu novamente no município do Trairão, onde "tudo começou". Mas a vida não seria ingrata ao ponto de me dar uma viagem sem emoção, aventura, muito drama, vingança e tiroteio. E não é que foi ingrata mesmo? Mas mesmo assim, a viagem foi interessante.
Atenção: Os fatos narrados a seguir são a verdade, nada mais que a verdade, e por isso mesmo, podem conter violência e cenas inadequadas para menores de três anos.
Tudo começou com um convite. Claro, não sou penetra, fui convidado a comparecer a uma festa neste município tão extra-desenvolvido para tirar fotografias do evento. Então eu humildemente aceitei a proposta de trabalho, arrumei meus pertences (dois shorts, um par de havaianas - as ilegítimas, um hd externo e a câmera, óbvio) e me pus a caminho.
Eu deveria estar no porto da balsa às 13:00 h para pegar o micro-ônibus e... quando cheguei no porto, a balsa das 13:00 estava do outro lado do rio, entregando os carros do outro lado!
Então, eu pulei dentro de uma voadeira e falei o que eu sempre quis:
- Siga aquela balsa!
O cara acelerou...

Olha aí a foto do meu momento 007 brasileiro (o britânico normalmente agarraria o cara da voadeira e o atiraria longe... partindo em seguida). Chegando ao outro lado, o cara cobrou absurdos R$ 10,00 pela mísera viagem! Mas como ele fez o trabalho certinho e a gente chegou ainda alguns minutos antes da balsa, paguei sem choramingar muito.
Minutos mais tarde entrei no micro-ônibus previamente acertado - fala sério, você pensou que um cara profissional como eu não tinha reservado a vaga? Tempos depois lá estava eu olhando pela janela feito um turista tapado tirando foto pra colocar aqui. Olha aí algumas fotos legendadas:
Típico carinha que compra uma moto, melhor, pega emprestada a moto do genro pra levar os filhos pro "sítio", colonha mesmo, no jargão popular.
A visão externa ainda compensava de vez em nunca, mas abaixo está a visão interna...

Mas não me abalei, um bom profissional sobrevive às mais inóspitas situações conhecidas e desconhecidas pelo homem. Eu resisti á incrível tentação de ter ataque histérico de claustrofobia e fiquei quieto no meu canto. Sorte que havia outro agente de CodeName: Unknown sentado ao meu lado e a gente bateu um papo cabeça sobre a subida do preço do cacho de banana.
Perdido no espaço: saí do perto do fim do mundo para o muito perto do fim do mundo. Olha só, se observar a foto, vai perceber brechas no espaço tempo onde Deus ainda não terminou sua criação.
Mas depois de horas e horas de batidas na estrada esburacada (conhecida pelos nossos amigos da Desciclopedia como "Transamargura" com toda a razão), eis que não resisti e sucumbi à intensa exaustão. Olha minha foto, pode dizer, sou gato demais, ó.
Mas eis que vi os céus abertos e acordei de supetão. Ainda tive tempo de vislumbrar os portões do que àquela altura era o paraíso: Era o primeiro sinal de civilização chegando:
Vocês não foram criados para entender tamanha alegria sentida por uma pessoa quando vê seu destino chegando perto depois de horas de sofrimento desumano. Mas sim, depois de horas e horas infindáveis, finalmente cheguei a este lugar esquecido até mesmo pelo Judas.
Poucos segundos após chegar ao local, notei logo que os moradores morrem de medo de passar fome, como fica provado ao longo dessa curta sequência (agora sem trema) de fotos.
O mais engraçado é que um fica a menos de 20 metros do outro....
E pra coroar, uma exclusiva e devidamente patenteada do fim do mundo:
Notem lá atrás os espaços vazios de onde Deus ainda não teve tempo de passar uma mão de tinta da criação. Dá pra acreditar que num lugar desse as pessoas já saibam o que é rádio?
É, viva la vida - e outros chavões também. Agora deixa eu ir dormir que amanhã tenho muitas fotos pra tirar.
Até a próxima!

2 comentários:

Lucas Portinho disse...

Mais uma vez parabens, nao só pelo texto, mas tbm pelas fotos que ficaram ótimas...
Tudo de bom pra vc, e continue assim, ahhh, atualizei o meu blog hoje tbm, nao sei se vc vai gostar, falow.

Unknown disse...

Gostaria de saber o nome do município destino... se o cabo do hd externo ainda tá funcionando... se houve tiros na perseguição à balsa... se a cotação das commodities inerentes ao cacho de banana estão ainda em alta.

Belo texto

Valeu Wolf!